Determinados macacos parecem ser muito mais inteligentes que outros, e existe no mínimo um chimpanzé que é considerado “excepcional” se comparado a outros chimpanzés.
Trata-se de uma fêmea adulta de 20 anos chamada Natasha, que obteve um resultado excepcional em uma bateria de testes. As descobertas, publicadas na última edição da revista Philosophical Transactions of the Royal Society B, sugerem que também existem gênios entre primatas não-humanos, mas que nenhum de seus atributos constituem a inteligência em si.
Em vez disso, um conjunto perfeito de habilidades parece agir para criar os Einsteins do reino animal. Os tratadores de Natasha, que vive no santuário de chimpanzés da Ilha de Ngamba, em Uganda, sabiam que ela era especial antes da realização do último estudo.
“Os tratadores indicaram que Natasha era o chimpanzé mais esperto, exatamente o animal que nossos testes mostraram ser excepcional”, escreveram os autores do estudo, Esther Herrmann e Josep Call, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária.
“Os três tratadores mais experientes incluíram Natasha em suas listas (de chimpanzés mais inteligentes)”, acrescentaram.
Natasha causou sensação nos últimos meses por suas travessuras para chamar a atenção. Por exemplo, ela escapava repetidas vezes de seu antigo recinto, protegido por uma cerca elétrica. Ela fazia isso atirando galhos na cerca até não ver mais fagulhas, o que indicava que a eletricidade estava desligada.
Ela também aprendeu a provocar os humanos, fazendo sinais para que lhe atirassem comida e em seguida espirrando água.
Herrmann e Call decidiram estudar Natasha e vários outros chimpanzés para verificar se havia outros prodígios entre grandes primatas não-humanos. Para isso, os pesquisadores criaram um desafio mental de múltiplos segmentos, que consistia em oito tarefas.
Na primeira tarefa, os chimpanzés precisavam encontrar comida escondida, testando sua orientação espacial. Na segunda, os animais manusearam uma ferramenta para evitar uma armadilha e receber um prêmio em comida. As demais tarefas demonstraram sua compreensão de aspectos como cor, tamanho e forma.
“Identificamos alguns indivíduos que obtiveram bons resultados em múltiplas tarefas”, escreveram os autores, que mais uma vez citaram Natasha por ter desempenhado com perfeição quase todas as tarefas.
Os pesquisadores não conseguiram identificar um “fator de inteligência geral”. No entanto, indicaram que a inteligência símia talvez consista em um conjunto de habilidades ligadas ao aprendizado, ao uso de ferramentas, à compreensão de quantidades e à habilidade de chegar a conclusões com base em evidências e raciocínio.
Como diz o ditado, a necessidade é a mãe da invenção, e ao menos em alguns casos, é um dos motivos que explica a inteligência dos chimpanzés.
Call explicou ao Discovery Notícias que os chimpanzés fabricam ferramentas para extrair cupins. O processo envolve vários passos.
“Eles arrancam um talo ou usam os dentes para segurá-lo pela base. Em seguida, removem uma folha grande na extremidade mais distante, recortando-a com os dentes antes de transportar o talo até o ninho de cupins. Então concluem a ferramenta transformando a folha em um “pincel”, puxando as fibras ou separando-as com mordidas”, descreve.
O motivo pelo qual alguns chimpanzés passam por um processo tão elaborado “depende muito das pressões e necessidades do habitat”, afirmou.
Em relação aos outros animais, Herrmann e Call citam os cães Rico e Chaser, que conheciam o significado de milhares de palavras.
“Curiosamente, ambos os cães (considerados muito inteligentes) são border collies. E seus donos afirmaram que não os treinaram para buscar objetos: foram os cães que os treinaram”.
Os cientistas ainda não sabem a que atribuir a inteligência dos primatas, e sugerem a realização de mais estudos, com “tarefas que captem dimensões cognitivas, motivacionais e de temperamento”.
Em parte, a disposição de aprender e uma atitude positiva parecem fazer tanta diferença em cães, chimpanzés e outros animais como em humanos.
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