quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Pela evolução do homem

                          

Pesquisa feita em cinco capitais mostra que 50% do público masculino do Distrito Federal não frequentam o urologista. O Dia Nacional do Homem, na próxima segunda-feira, divulgará ações de prevenção a doenças como o câncer de próstata

Criado para chamar a atenção da população e de governos à saúde masculina, o Dia Nacional do Homem, comemorado na próxima segunda-feira, representa a tentativa de desconstruir tradicionais padrões de comportamento. A data visa divulgar ações de prevenção de doenças específicas a esse público, mas esbarra em questões culturais e institucionais complexas, como o medo de se mostrar frágil ou a dificuldade de acolhimento do paciente em unidades básicas de saúde. O reflexo disso é o alto percentual de pessoas do sexo masculino que nunca marcam atendimento urológico nem sequer realizam exames preventivos do câncer de próstata. Essas conclusões foram obtidas a partir da pesquisa Saúde dos Homens, realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em parceria com o laboratório farmacêutico Bayer.

O levantamento revela que 44% dos 5 mil entrevistados, em cinco capitais do país, não frequentam o consultório do urologista. Em Brasília, o índice mostra resultados ainda mais preocupantes, já que dos 800 participantes da pesquisa, 50% não têm esse hábito. Prevenir-se do câncer de próstata, então, é ideia abolida por 58% dos ouvidos no Distrito Federal. O número é superior até mesmo ao índice nacional, que registra 47% de homens sem acompanhamento preventivo (veja arte).

Essa tendência está diretamente ligada ao fato de as unidades de saúde serem pouco atrativas ao público masculino, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, Rômulo Maroccolo. “Falta estrutura adequada para atendê-los. Ainda há poucos centros especializados e, onde há, a fila de espera pode chegar a dois anos”, disse. O especialista explica que esse fenômeno é mais intenso na rede pública, mas, no segmento particular, o problema também é comum. “Não é porque o homem tem convênio que ele vai ao médico. O fenômeno é presente nos dois serviços”, afirmou.

O Sistema Único de Saúde (SUS) tem uma Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, implantada em 2009 pelo Ministério da Saúde. A meta do programa é aumentar o atendimento básico e, assim, evitar que o paciente utilize o SUS por meio do serviço especializado, explica o coordenador da área de Saúde do Homem do Ministério da Saúde, Eduardo Chakora. “Percebemos que o público-alvo, em geral, descobre que tem hipertensão, diabetes ou câncer quando os sintomas já estão graves. Todas essas doenças, no entanto, podem ser descobertas em seu estágio inicial, quando há trabalho de conscientização e educação preventiva”, defendeu.

Chakora reconhece, no entanto, que estratégias de comunicação ainda necessitam ser aperfeiçoadas. “É preciso fazer com que eles se reconheçam em um ambiente masculino. Em muitos casos, o homem acaba tendo que frequentar um espaço com elementos e decoração femininos. Isso o deixa pouco confortável, na maioria dos casos. Ele defende ainda que a capacitação dos profissionais de saúde também deve ser adequada. “Os agentes precisam saber fazer uma escuta qualificada e entender que um silêncio é uma informação preciosa”, disse. Nesse sentido, a pasta organiza o programa Novembro Azul, semelhante ao Outubro Rosa, voltado para as mulheres.

Herança cultural

Os velhos padrões de comportamento, baseados em uma sociedade patriarcal e machista, mostram-se fardos pesados demais para que o homem sustente, segundo o presidente da SBU, Rômulo Maroccolo. Assim, a necessidade de se mostrar sempre forte e imune faz com que ele só procure atendimento quando já está adoecido, defende o urologista. “É comum que eles não saibam o porquê das transformações do corpo, causadas pela andropausa (veja Para saber mais)”, considerou. Dessa forma, ignorar a doença pode ter consequências até mesmo financeiras. “Como a renda masculina ainda é maior que a feminina, conforme mostra o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o afastamento do paciente por licença médica pode significar um rombo no orçamento da casa”, avaliou Maroccolo.

Metodologia
A pesquisa ouviu 5 mil homens em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Brasília. As entrevistas foram realizadas em 17 de junho deste ano, em pontos de grande circulação de pessoas, como saídas de metrô e ruas adjacentes. A metodologia utilizou questionários com 10 perguntas de múltipla escolha aplicados a homens de até 70 anos. 

Fique atento
  • Veja onde procurar atendimento na rede pública de saúde
  • » Unidade Mista de Taguatinga – PoliclínicaLocal: C-12, Área Especial
  • » Unidade Mista de Ceilândia Local: QNO 10, Área Especial
  • » Centro de Saúde 3 de Sobradinho 2 Local: Núcleo Rural Sobradinho 2 – Área Rural 17, Chácara 14



Versão masculina
A exemplo do Outubro Rosa, mês marcado pela campanha de mobilização para a prevenção do câncer de mama, novembro foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para promover ações relacionadas ao câncer de próstata e à saúde do homem. É marcado pelo Dia Mundial de Combate ao 
Câncer de Próstata, 
em 17 de novembro.

Para saber mais
Menos hormônio
A andropausa é a redução gradativa da produção de testosterona, um dos principais hormônios para o desenvolvimento e a manutenção das características masculinas. A substância estimula o aparecimento de pelos no corpo, da voz grossa, a criação de músculos, entre outros. A síntese se dá nos testículos e, em menor quantidade, nas glândulas supra-renais. A síndrome, por sua vez, se manifesta a partir dos 50 anos, e os principais sintomas são o aumento do percentual de gordura — em especial na região abdominal —, a redução da massa muscular, do desejo sexual e do volume testicular. Problemas de concentração e memória também estão associados. Diferentemente da menopausa, que se manifesta em todas as mulheres a partir dos 40 anos, a andropausa só acomete cerca de 25 cerca de 25% da população masculina% da população masculina.

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