sábado, 20 de abril de 2013


2/09/12

Rêmoras - Os parasitas do bem!

O processo de simbiose permite à rêmora proteção e alimento.

Foto: Alfredo Carvalho Filho
Dos peixes mais interessantes e curiosos, as rêmoras, também chamadas por pegador e piolho-de-cação, têm comportamento que é excelente exemplo de simbiose comensal - uma associação entre organismos que propicia benefícios para todos.
A família da rêmora, Echeneididae, reúne apenas 8 espécies, provavelmente todas ocorrendo em nossas águas. A principal característica da família é única entre os peixes: trata-se da presença do disco cefálico, uma modificação extrema da dorsal espinhosa que seus ancestrais possuíam e que permite a fixação a superfícies lisas como o corpo de tartarugas, golfinhos, baleias e peixes pelágicos como jamantas, atuns, tubarões, etc. O processo de simbiose permite à rêmora proteção e alimento (restos de comida, parasitas, etc.) e aos hospedeiros uma frequente “limpeza de pele”, ao terem os incômodos parasitas de pele devorados por elas.

Habitat, Comportamento, crescimento e reprodução
Foto: Luiz Duarte
Há espécies com hospedeiros específicos, mas outras são generalistas, fixando-se a várias espécies de peixes maiores. Podem ser encontradas de uma a dezenas em um só hospedeiro. As lâminas do disco, entre 10 e 28, arrumadas como numa veneziana e inclinadas para frente, quando pressionadas ao corpo do hospedeiro formam vácuo, mantendo-a fixada. Ao se mover para frente, empurra as lâminas para baixo, libertando-se. Assim, quanto maior a velocidade do hospedeiro, maior será o vácuo e a aderência. Há relatos de rêmoras, com até 10 cm, capazes de suportar pesos de até 20 kg.
Embora não seja comum, grandes rêmoras chegam a causar ferimentos em seus hospedeiros por causa da sucção de seus discos. Algumas sociedades possuem lendas sobre tais peixes, atribuindo-lhes o poder de impedir barcos de navegar.
Os adultos são geralmente encontrados no corpo dos hospedeiros, os jovens e as espécies menores podem ser observados na cavidade branquial, espiráculos, cloaca e mesmo no céu da boca. Alimentam-se principalmente de copépodes parasitas e, em menor escala, à medida que crescem, de restos de presas do hospedeiro e zooplâncton .
São peixes de reprodução pouco conhecida, com ovos e larvas pelágicas e os jovens com menos de 3 cm. São quase idênticos aos adultos. Aparentemente, escolhem o hospedeiro, ainda pequenos.
Alfredo Carvalho Filho é publicitário e biólogo, autor de inúmeros trabalhos científicos, artigos populares e do livro “Peixes Costa Brasileira”. Escreve todo mês sua coluna “Que Peixe é Este” para a revista "Pesca Esportiva".
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